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Jeanne Dielman, 23, Quai du Commerce, 1080 Bruxelles

Quase uma semana já se passou e ainda estou chocado com esse filme de 1975 de Chantal Akerman. A bem da verdade, a ficha nem caiu direito, mas me sinto bastante propenso a considerá-lo um verdadeiro divisor de águas em minha relação com o Cinema. Logo que saí da sala BNDES da Cinemateca Brasileira, em São Paulo – estava entre os últimos sobreviventes, eis que 80% do público retirou-se antes da primeira hora de projeção (o filme tem quase 3h e meia) –,  um único pensamento veio-me à cabeça:  “puxa, acho que agora sou capaz de assistir qualquer coisa…”

Ele é longo, intrigante e desafiador, sobretudo porque extremamente indigesto: boa parte das cenas são como quadros repetidos em que há pouco ou nenhum movimento, com a câmera absolutamente imóvel em todas elas. O silêncio predomina, sendo quebrado por pequenos diálogos que são também um caso à parte: nunca muito expressivos e raramente significativos, suponho que se digitados em fonte arial tamanho 10 devem caber todos numas duas folhas de papel A4, quando muito.

Enfim, é isso. Quem tiver curiosidade e coragem de assisti-lo – garanto que não irá se arrepender! –, por favor venha depois me contar o que achou, até para que possamos discutir alguns aspectos. Está no Youtube, repartido em milhões de pedacinhos insossos. Não recomendo vê-lo aí, pois, se na sala de cinema já é um martírio, quanto mais no Youtube. Apesar de causar um certo desespero no expectador, que fica à espera de algum acontecimento importante ou de que ao menos o tempo passe depressa, é sem dúvida um grande filme, quiçá até uma obra-prima.